
"Hoje [21 Abril], na Faculdade de Direito de Lisboa, realizou-se um teste de Direito Constitucional II. O Prof. Doutor Paulo Otero, o regente da cadeira, decidiu que seria este o caso prático que os alunos deveriam resolver, e numa provocação discriminatória e ridícula, fez-se um paralelismo entre a poligamia/bestialidade e a homossexualidade, disfarçando de humor aquilo que é um desrespeito e uma ofensa de proporções maiores do que o Sr. Professor pode imaginar. Até podia ter apresentado o mesmo caso prático sem, no entanto,referir que o diploma era “em complemento à lei sobre o casamento entre pessoasdo mesmo sexo”, mas a comparação foi obviamente propositada e consciente.
Ridicularizando um passo marcante na história de Portugal e do Mundo – a aprovação no Parlamento da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo – um dos constitucionalistas de renome da casa onde estudo e em quem confio a preparação da minha formação profissional fez uma coisa de tal forma perversa que fez com que eu tivesse, pela primeira vez e espero que última, vergonha de ter sido aluna de um membro do corpo docente da FDL. O que acontece é que o Sr.Professor parece ter-se esquecido do art. 13º e do princípio da igualdade; e com certeza que não pensou no que sentiria um gay ou uma lésbica que se visse confrontado com a obrigatoriedade de fazer este teste. Opiniões à parte, e quer se seja a favor ou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, qualquer pessoa com o mínimo de discernimento e respeito pela dignidade humana perceberá que isto não é admissível em lado nenhum, muito menos numa instituição do ensino superior, e muito menos naquela que é provavelmente a melhor Faculdadede Direito do nosso país. Esta atitude repulsiva não só é discriminatória em relação a todas as pessoas LGBT como obriga os alunos a tomarem uma posição em relação ao tema que irá influenciar a sua nota. Não me parece justo.
Não é novidade para ninguém que a nossa Faculdade é conservadora e consegue ser muito pouco receptiva a quase tudo o que é diferente, mas isto passou das marcas. Isto foi nojento e atroz e revoltou-me de tal forma que nem eu nem outros colegas conseguimos calar-nos. É um exemplo de como a luta pelos direitos fundamentais é ainda tão necessária e de como é preciso mudar mentalidades e combater preconceitos tão cruéis quanto este.
Partilhem se ficaram tão revoltados quanto eu.
P.S.: Os animais não têm personalidade jurídica, logo não têm capacidade para celebrar negócios jurídicos, como o casamento (art. 66º e seguintes do Código Civil)."
Ridicularizando um passo marcante na história de Portugal e do Mundo – a aprovação no Parlamento da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo – um dos constitucionalistas de renome da casa onde estudo e em quem confio a preparação da minha formação profissional fez uma coisa de tal forma perversa que fez com que eu tivesse, pela primeira vez e espero que última, vergonha de ter sido aluna de um membro do corpo docente da FDL. O que acontece é que o Sr.Professor parece ter-se esquecido do art. 13º e do princípio da igualdade; e com certeza que não pensou no que sentiria um gay ou uma lésbica que se visse confrontado com a obrigatoriedade de fazer este teste. Opiniões à parte, e quer se seja a favor ou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, qualquer pessoa com o mínimo de discernimento e respeito pela dignidade humana perceberá que isto não é admissível em lado nenhum, muito menos numa instituição do ensino superior, e muito menos naquela que é provavelmente a melhor Faculdadede Direito do nosso país. Esta atitude repulsiva não só é discriminatória em relação a todas as pessoas LGBT como obriga os alunos a tomarem uma posição em relação ao tema que irá influenciar a sua nota. Não me parece justo.
Não é novidade para ninguém que a nossa Faculdade é conservadora e consegue ser muito pouco receptiva a quase tudo o que é diferente, mas isto passou das marcas. Isto foi nojento e atroz e revoltou-me de tal forma que nem eu nem outros colegas conseguimos calar-nos. É um exemplo de como a luta pelos direitos fundamentais é ainda tão necessária e de como é preciso mudar mentalidades e combater preconceitos tão cruéis quanto este.
Partilhem se ficaram tão revoltados quanto eu.
P.S.: Os animais não têm personalidade jurídica, logo não têm capacidade para celebrar negócios jurídicos, como o casamento (art. 66º e seguintes do Código Civil)."
Raquel Rodrigues, aluna da FDL
via Jugular
5 comentários:
Há coisas verdadeiramente inacreditáveis. Não percebo como é que, nos nossos dias, se pode passar uma situação destas numa das universidades mais conceituadas do nosso país!
Bem que coisa.. estou parva, mas ainda existe gente com consciência que não se mantém calada!
http://publico.pt/Sociedade/casamento-homossexual-faculdade-de-direito-de-lisboa-vai-analisar-enunciado-polemico_1433591
Não sei se seria capaz sequer de responder a um exame desses, enfim...
Dantins,
Deixam uma pessoa de boca aberta e pelas piores razões. Inacreditável!
Pano,
Sim, ainda bem que há gente que não se cala.
Flores,
Eu escreveria na folha de resposta do teste "Recuso me a responder ao presente exame devidos aos insultos enunciados pelo Senhor Professor no grupo I".
Ou então também merecia "O Senhor Professor é homofóbico e sofre de imbecilidade aguda e profunda".:P
Mas falando a sério, escrevia o motivo pelo qual me recusava a responder ao exame, entregava a folha e tratava de sair da sala. Essa seria a minha reacção. Chumbava à cadeira? Sim chumbava. Mas não respondo a imbecilidades e insultos deste género.
Este é o país que temos, estes senhores arrogantes e donos da verdade, pensam eles, continuam a fazer o que querem, e aposto que o inquérito que decidiram abrir na FDL não vai dar em nada, é sempre assim.
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