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terça-feira, 30 de março de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Março
"Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa/Falar só por falar"
Ana Carolina - Quem de nós dois
A insônia deposita seus olhos lunares sobre mim
e diz um verso distante
com todo o oceano de permeio. E o trabalho,
as dúvidas, o grito claro da angústia,
a música desaparecida
da tua voz a me dizer alguma coisa, o tempo.
Março é chegado.
Tem uma força que me custa resistir.
Sou demasiado pequena,
frágil em meio às ondas.
Às vezes a morte parece tão próxima,
tudo tão subitamente fútil.
Às vezes espero.
Março. De olhos postos em mim.
e diz um verso distante
com todo o oceano de permeio. E o trabalho,
as dúvidas, o grito claro da angústia,
a música desaparecida
da tua voz a me dizer alguma coisa, o tempo.
Março é chegado.
Tem uma força que me custa resistir.
Sou demasiado pequena,
frágil em meio às ondas.
Às vezes a morte parece tão próxima,
tudo tão subitamente fútil.
Às vezes espero.
Março. De olhos postos em mim.
Silvia Chueire
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Marcas
"- Não, com as pessoas é diferente. O sentimento em relação às pessoas muda sensivelmente consoante o objecto do nosso amor. Modifica-se, vacila, cresce, desaparece, é negado, deixa marcas... Na maior parte dos casos, torna-se difícil, senão impossível, ter algum controlo sobre ele."
Haruki Murakami - Dança, Dança, Dança
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
"Isto precisa é de um referendo em cada esquina"
"Confesso que não sei se as pessoas nascem com essa característica ou se optam por adoptar o comportamento desviante que a Bíblia, aliás, condena - mas, na minha opinião, os canhotos não deveriam poder casar. Nem adoptar crianças. Um casal de pessoas, digamos, normais, acaricia a cabeça dos filhos como deve ser, da esquerda para a direita. Os canhotos acariciam da direita para a esquerda, o que pode ter efeitos perversos na estrutura emocional das crianças. Na verdade, sou contra a adopção por casais heterossexuais em geral, sejam ou não canhotos. Atenção: não tenho nada contra os heterossexuais. Tenho muitos amigos heterossexuais e eu próprio sou um. Mas não concordo que possam adoptar crianças. Em primeiro lugar, porque é contranatura. Quando olhamos para a natureza, não vemos casais de pardais ou de coelhos a adoptarem crias de outros. Pelo contrário, esforçam-se por colocar as suas crias fora do ninho ou da toca o mais rapidamente possível. Ou usam as suas próprias crias para produzir novas crias. Mas não adoptam. Provavelmente, porque sabem que é contranatura. Por outro lado, a adopção por casais heterossexuais pode condicionar a sexualidade das crianças. Todos os homossexuais que conheço são filhos de casais heterossexuais. A influência de heterossexuais tem, por isso, aspectos nefastos que merecem estudo cuidadoso. Por fim, há a questão do estigma social. Suponhamos que uma criança adoptada por um casal heterossexual é convidada para ir a casa de um colega adoptado por um casal de homens. Como é que o miúdo que foi adoptado por heterossexuais se vai sentir quando perceber que a casa do colega está muito mais bem decorada do que a dele?
Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais do que ser a favor de um referendo, sou a favor de vários. Creio que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser referendado caso a caso. O Fernando e o Mário querem casar? Pois promova-se uma grande discussão nacional sobre o assunto. A RTP que produza um Prós e Contras com cidadãos de vários quadrantes que se posicionem contra e a favor da união do Fernando e do Mário. Organizem-se debates entre o Mário e os antigos namorados do Fernando, para que o povo português possa ter a certeza de que o Fernando está a fazer a escolha certa. E depois, então sim, que Portugal vá às urnas decidir democraticamente se concede ao Mário a mão do Fernando em casamento. E assim para todos os matrimónios. Se o objectivo é metermo-nos na vida dos outros, façamo-lo com o brio que essa nobre tarefa merece.
Defendo, portanto, uma abordagem especialmente cautelosa desta questão. Sou muito sensível ao argumento segundo o qual, se permitirmos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de legalizar também as uniões dos polígamos. E sou sensível porque, como é evidente, não posso negar que me vou apercebendo da grande movimentação social de reivindicação do direito dos polígamos ao casamento. Parece que já temos entre nós vários muçulmanos, grandes apreciadores da poligamia. E eu não tenho homossexuais na família, nem entre os meus amigos, mas polígamos, muçulmanos ou não, conheço umas boas dezenas. Se toda esta massa poligâmica desata a querer casar, receio que os notários fiquem com as falangetas em carne viva, de tanto redigirem contratos de união civil. Mas, felizmente, confio que os polígamos sejam, também eles, sensíveis à mais elementar lógica: a poligamia é uma relação entre uma pessoa e várias outras de sexo diferente. A reivindicarem a legalização das suas uniões, fá-lo-iam a propósito do casamento entre pessoas de sexo diferente, com o qual têm mais afinidades. A menos que se trate de poligamia entre pessoas do mesmo sexo. Mas, segundo o Presidente do Irão, parece que entre os muçulmanos não há disso."
Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais do que ser a favor de um referendo, sou a favor de vários. Creio que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser referendado caso a caso. O Fernando e o Mário querem casar? Pois promova-se uma grande discussão nacional sobre o assunto. A RTP que produza um Prós e Contras com cidadãos de vários quadrantes que se posicionem contra e a favor da união do Fernando e do Mário. Organizem-se debates entre o Mário e os antigos namorados do Fernando, para que o povo português possa ter a certeza de que o Fernando está a fazer a escolha certa. E depois, então sim, que Portugal vá às urnas decidir democraticamente se concede ao Mário a mão do Fernando em casamento. E assim para todos os matrimónios. Se o objectivo é metermo-nos na vida dos outros, façamo-lo com o brio que essa nobre tarefa merece.
Defendo, portanto, uma abordagem especialmente cautelosa desta questão. Sou muito sensível ao argumento segundo o qual, se permitirmos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de legalizar também as uniões dos polígamos. E sou sensível porque, como é evidente, não posso negar que me vou apercebendo da grande movimentação social de reivindicação do direito dos polígamos ao casamento. Parece que já temos entre nós vários muçulmanos, grandes apreciadores da poligamia. E eu não tenho homossexuais na família, nem entre os meus amigos, mas polígamos, muçulmanos ou não, conheço umas boas dezenas. Se toda esta massa poligâmica desata a querer casar, receio que os notários fiquem com as falangetas em carne viva, de tanto redigirem contratos de união civil. Mas, felizmente, confio que os polígamos sejam, também eles, sensíveis à mais elementar lógica: a poligamia é uma relação entre uma pessoa e várias outras de sexo diferente. A reivindicarem a legalização das suas uniões, fá-lo-iam a propósito do casamento entre pessoas de sexo diferente, com o qual têm mais afinidades. A menos que se trate de poligamia entre pessoas do mesmo sexo. Mas, segundo o Presidente do Irão, parece que entre os muçulmanos não há disso."
Ricardo Araújo Pereira in Boca do Inferno
Visão, 3 de Dezembro 09
Ahahah! Muito bom! E mais não é preciso dizer.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Inspirador
Discurso de abertura do ano lectivo do Presidente Obama
"Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.
É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.
No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.
E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.
Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes."
via mail cortesia da Estrelaminha
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Ausência
"Saudade não tem forma nem cor; não tem cheiro nem sabor. Fala-se nela, mas não se vê; só pensa nela quem acredita. Ela é parte da ausência; ela é parte do amor; ela tem realidade, mas quem a tem sente dor, uma dor miudinha, que cresce no coração, e que nunca vem sozinha… Acompanha a solidão; quem a sente nunca esquece, nem nunca esquecerá, o sentimento que não adormece, por alguém que não está! "
Rita M. F. Silva
Não é por se querer, por se sentir, por se desejar que acontece. Podemos passar a vida toda agarrada a esse sentimento, que não muda nada. Continua a ser uma vontade, um desejo nosso.
Interessa agarrar a realidade, a única coisa que verdadeiramente existe. O resto é fantasia ou imaginação.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
"As naturezas das pessoas não são todas iguais; para muitas, uma conclusão lógica transforma-se às vezes num sentimento fortíssimo que domina todo o seu ser e que é muito difícil de expulsar ou transformar. Para curar uma pessoa assim, é preciso modificar tal sentimento, o que apenas é possível substituindo-o por outro, de força igual. Isso é sempre difícil e, em muitos casos, impossível."
Fiodor Dostoievski in 'O Adolescente'
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Dez
Sem qualquer ordem especifica. Sem sentido. E ao mesmo tempo com todo o sentido do mundo, sempre.
Cada um tem a sua forma de ver e sentir, eu tenho a minha.
Em mim manda.
Escrevo sobre o que salta das minhas areias.
Sejam eles em que terreno forem.
Pela sua própria ausência, pela naturalidade, pela despreocupação, pela firmeza e segurança. Pelo mistério.
Cada um tem a sua forma de ver e sentir, eu tenho a minha.
Em mim manda.
Escrevo sobre o que salta das minhas areias.
Sejam eles em que terreno forem.
Pela sua própria ausência, pela naturalidade, pela despreocupação, pela firmeza e segurança. Pelo mistério.
O calor penetra-me o corpo arrepiado da brisa.
Fecho os olhos e um coração bate ao meu lado. Não poderia ter frio.
Ambas de olhos cerrados...
Provocando um baque.
Como o mundo é interessante.
Tem sido um prazer!
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Intenso
"E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu…
E sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti..."
Sarah Kane - Falta (Crave)
Encontrei por aí algures este pequeno excerto da peça e fiquei completamente apaixonada. Em buscas pela net mais aprofundadas encontrei outros bocadinhos não menos interessantes e intensos. E agora decidi que só descanso quando encontrar online ou em formato livro o total da peça para ler, já que encenada não é possível de ver... Com muita pena minha porque pelas amostras que li, decididamente parece-me que vale bem a pena.
Doces:
cá dentro,
dedicado,
inspiração alheia,
sentimentos
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Beleza
Bonito é gostar da vida e viver do sonho.
Bonito é ser realista sem ser cruel,
é acreditar na beleza de todas as coisas.
Bonito é a gente continuar sendo gente em qualquer situação.
Bonito é você ser você !
Bonitas são as coisas vindas do interior,
as palavras simples, sinceras e significativas.
Bonito é o sorriso que vem de dentro, o brilho dos olhos...
Bonito é o dia de sol depois da noite chuvosa
ou as noites enluaradas de verão em que todos saem de casa.
Bonito é chorar quando se sentir vontade
e deixar que as lágrimas rolem
sem vergonha ou medo de crítica.
Não sei quem escreveu, mas tinha-o para aqui como rascunho para partilhar.
E para que nunca te esqueças...
domingo, 5 de julho de 2009
Os olhos
Se um gesto me definisse seria o de te afastar o cabelo para te ver melhor o rosto que me
[enche de bravura
e só te vejo pelos meus olhos por serem os que te vêem mais bela
por isso os escolho sempre
tenho os olhos feitos à medida da tua cara
e só tenho olhos para ti
quando não estás sou invisível e quase invisual
a visão não me serve de nada
vejo mas sem cor e é pior que a preto e branco
é desfocado
é esbatido
e sem chama
e sem cheiro
contigo cheira bem
sabe bem
ouve bem o que digo porque é sincero porque se não fosse todo eu era falso
cada falso que há aí merecia cadeia ou morte
mas com os teus braços finos a fazer as vezes da corda que me serpenteia o pescoço
[para me matar de felicidade
e só te quero a ti
e só te vejo a ti como a última noite do Verão mais quente
com o céu mais estrelado
com a lua mais cúmplice
com os gestos mais carinhosos
e tiro-te o cabelo da frente com a ajuda da minha mão direita que só existe para isso
e vou para te beijar mas não o faço
hesito porque os meus olhos pediram-me que os deixasse olhar para ti mais uma vez
e eu deixo para eles não chorarem muito
João Negreiros in “a verdade dói e pode estar errada”
Poema bonito este com que hoje me deparei.
Os olhos dizem sempre tanto... Ás vezes tudo.
sábado, 13 de junho de 2009
Mudanças
"It’s easy to suggest a quick solution, when you don’t know much about the problem or you don’t understand the underlying cause or just how deep the wound is. The first step toward a real cure is to know exactly what the disease is to begin with. But that’s not what people want to hear... We're supposed to forget the past that led us here, ignore the future complications that might arise and go for the quick fix.
We all try to do the best we can. But the world is full of unexpected twists and turns. Just when you’ve gotten the lay of the land, the ground underneath you shifts. It knocks you off your feet. If you're lucky, you end up with nothing more than a flesh wound, something a band-aid will cover. But some wounds are deeper than they first appear, and require more than just a quick fix."
in Grey's Anatomy
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Pontos de vista
A propósito de uma conversa via sms e porque não há muito tempo li por aqui alguém que conseguiu expressar a ideia que queria transmitir, muito melhor do que eu alguma vez seria capaz.
«"Preciso tanto de ti" .... já ouvi tantas declarações apaixonadas começarem com esta expressão. Tantas vezes já a vi proferirem atribuindo-lhe toda a razão de um ser, sinónimo de gostar tanto de alguém ao ponto de se precisar desse alguém para sobreviver, para respirar. Isto não é amor, nem tão pouco paixão, isto é necessidade! Necessidade é algo que nos é imposto, para a qual não temos escolha, é uma imposição feita por algo ou alguém... não é amor!
"Quero-te!" .... esta sim expressa uma vontade, um desejo, uma escolha própria. Gosto tanto que te quero, não preciso, mas quero-te! Sou eu que quero, é a minha vontade, de tudo e todos és tu que eu quero, não por precisar, mas porque te escolhi!!! »
quarta-feira, 3 de junho de 2009
À flor da pele
"Tu podes muito bem pensar que conseguiste criar um mundo novo, ou um novo eu, mas a verdade é que o antigo eu continua lá, debaixo da fachada, e, à minima coisa, vai saltar de lá e dizer: "Cucu!"
(...) Tu foste criado numa outra parte. E até mesmo a tua intenção de te transformares, também ela foi criada em alguma outra parte..."
Haruki Murakami - Crónica do Pássaro de Corda
Hoje senti-me assim... Com tudo à flor da pele.
E com um nó no estômago que ainda por cá continua.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Suspirar
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Do Latin: suspirare
significar por meio de suspiros; ter saudades de; dar suspiros; soprar levemente; rumorejar, murmurar; desejar ardentemente a presença de alguém ou de alguma coisa.
significar por meio de suspiros; ter saudades de; dar suspiros; soprar levemente; rumorejar, murmurar; desejar ardentemente a presença de alguém ou de alguma coisa.
Fonte: Dicionário Priberam
Uma acção muitas vezes involuntária do ser humano que tem significado fortíssimo e talvez singular. Em muitos casos demonstra um sentimento ou sensação de alivio, pode também esconder paixões. Mas no mundo em que vivemos o que o “suspiro” pode passar é indignação e tristeza. Deparamos-nos diversas vezes com situações onde o suspiro, a respiração mais profunda e calma de modo que nos concentramos no objectivo que é demonstrar o verdadeiro significado do mesmo, às vezes é o refúgio, porque em muitos casos somos mais fracos, ou seja, não podemos competir com o problema. E então quando nós menos esperamos lá vem ele, o suspiro, a única coisa que nos resta, o único alivio.
"Suspirar; Anseio secreto, Revelação de afecto, Gemer que ninguém traduz"
Doces:
cá dentro,
dedicado,
fotografia,
inspiração alheia,
sentimentos
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Elogio
Já era para ter feito este post há algum tempo, mas como tenho deixado o blogue um bocado ao abandono...
O maior elogio que ouvi nos últimos tempos. Aliás, que alguma vez ouvi na vida. Obrigada.
E agora vou ali para um cantinho ficar envergonhada...
domingo, 26 de abril de 2009
Morte
"- Se os homens vivessem eternamente, sem nunca desaparecerem deste mundo, sem nunca envelhecerem nem perderem a sua saúde, acreditas que se davam ao trabalho de queimar neurónios a pensar nisto e naquilo, como nós fazemos? Quero dizer, nós reflectimos sobre tudo e mais alguma coisa: filosofia, psicologia, lógica, Religião, Literatura. Acreditas realmente que se a morte não existisse, essas ideias e esses conceitos tão complicados não estariam condenados a desaparecer da face da Terra?
(...)
O que penso é que as pessoas são obrigadas a reflectir sobre o significado da vida precisamente porque sabem que acabam por morrer um dia. Certo? Quem é que se daria ao trabalho de pensar a sério sobre o facto de estar vivo, se soubesse que continuaria a viver tranquilamente para sempre? Qual seria a necessidade?
(...)
Mas as coisas, na realidade, não são assim. Temos obrigação de pensar neste instante, aqui e agora. (...) Ninguém sabe o que se vai passar. Por isso é que, dê lá por onde der, precisamos da morte. É o que nos faz seguir em frente. (...)"
Haruki Murakami - Crónicas do Pássaro de Corda
Nunca tinha pensado seriamente e deste modo sobre o assunto. Faz-me sentido, mas nunca tinha realmente parado para pensar nisso.
E agora regresso á leitura. Boa semana para tod@s.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Perseguição
Acabei de ler "Insónia" de Stephen King onde encontrei este poema (ou parte dele) traduzido.
"Olho por cima do ombro e vejo a sua forma
e avanço, como alguém que, nos bosques,
à noite, ouve o som de passos que se aproximam,
e pára para escutar. Então, em vez do silêncio,
ouve uma criatura a tentar ser silenciosa.
Que mais fazer senão correr? Correr às cegas,
pelo trilho, com os ramos a baterem-lhe no rosto.
O outro sempre mais perto, mas sem se apressar,
e sem ofegar, pondo à prova a sua presa. "
Stephen Dobyns- Pursuit
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