domingo, 29 de agosto de 2010

Apontamento de memória

'Sinto falta das conversas. A sério, o que mais me faz falta são as tuas histórias. E nem sequer eras boa conversadora: eras mais teimosa que eu, o que nunca deu resultado porque eu sempre fui teimosa o suficiente para as duas. Mas a conversa faz-me falta, bem mais do que aquelas semanas em que não nos tratámos pelo primeiro nome, ou aquelas horas entre dois comboios. Quando lá passo, sorrio. Mas não sinto falta daquilo, sempre nos demos melhor pelo primeiro nome - ou quando, ainda antes, davas uso à alcunha que também tu me deste. E eu fingia, muito mal, que ficava danada por me chamares criança.


Sinto falta das conversas, já te disse. Não suporto a diferença de um dia sem saber que estiveste a aturar aqueles loucos. Quando ainda falávamos (e eu nunca tinha tempo) era sagrado eu sentar-me com o computador nas pernas e esperar por ti. Às vezes tinha de esperar, porque vinha tão certa da conversa que não me apercebia que era ainda cedo para conversar. Depois tu dizias que aquilo nem era conversa nem era nada, porque eu não falava. Não vais acreditar, mas era como se eu nem devesse falar. É como quando nos contam uma história e queremos saber o final: não perguntamos nada, porque isso só vai atrasar o desfecho. Mas tu querias conhecer(-me) - e eu achava que isso era contigo, eu não tinha nada a ver com isso.


Aquelas conversas, quando ficávamos acordadas até depois de ser muito tarde (e tu tinhas trabalho para fazer e eu tinha escola) eram tudo o que podia querer no dia. Era chegar a casa, depois de ligar o computador. Se pudesse, tinha feito as malas e mudava-me para a tua janela de conversação. Estava-se lá tão bem.


(...)Depois tu calaste-te, eu calei-me e não falámos mais. Mas hoje ainda quero conversar contigo. E juro que é sem segundas intenções. Tu, melhor que muitos, sabes que eu sou só conversa. Só queria que fosses, outra vez, aquela janela perfeita.'


Se me permites... É que gostei tanto...
Pergunto-me, que mais trazes nesse teu caderno?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mudasti!!

Para começar, deixem-me esclarecer que sou contra esta palavra entrar para o dicionário da Língua Portuguesa! Que palhaçada... Agora adiante.

Chega de fazer manhãs, tardes e noites tudo na mesma semana. Chega de 8 horas de trabalho de e em stress. De estar pelos cabelos e só de pensar em ir, ter o dia estragado. Chega de fins de semana ocupados. De não ter vida própria, não poder estar com ninguém ou ir a qualquer lado. Chega!

Comecei hoje no meu novo posto de trabalho.
Finalmente um horário fixo e normal. E fins de semana livres!

"Tou tão contentinha!" [como alguém diria]

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O tempo

A comunicação alterou-se. Fala-se mais por mensagem, através do ecrã. Já não há olhos nos olhos ou sequer o som da voz. Pouco se tem a dizer e o que se diz muitas vezes é entendido, não da forma como se pensa estar a transmitir.

Os laços mudam e a mente esquece, desiste, apaga. O espaço físico importa e ajuda.

Quando se volta a ver... Foi morto. E um vazio.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pés



A Jamu está a crescer a olhos vistos e já não é a bolinha de pêlo que era, quando chegou. E mesmo agora no Verão, insiste em vir enroscar-se em cima de mim para dormir, deixando-me cheia de calor e à bichana, imagino que também, porque pouco tempo depois muda de sitio e vai dormir para a minha frente, em vez de em cima de mim ou encostada a mim.

Mas ao contrário da Matilde, a Jamu tem uma pequena mania que me costuma irritar bastante logo pela manhã...
A Matilde, chegava às 6h/7h decidia que era hora de me acordar, com "festas" na cara ou lambidelas. Já a Jamu... Vem morder-me os pés às 6h ou 7h da manhã, pronta para a brincadeira.
Ora, para começar, acordar a essa hora da madrugada já não deixa ninguém contente da vida, especialmente quando nos deitamos tarde. Muito menos ainda, quando é algo assim "violento" como dentadas nos pés. Enquanto dormi com o cobertor, não me importava porque mal sentia. Mas agora com o calor e a dormir ou só com um lençol ou com os pés de fora mesmo, confesso não ser a sensação mais agradável ao acordar.
O resultado desta insistência da Jamu é que ao fim de 3 ou 4 sacudidelas a ver se ela pára, a bichana vai para fora do quarto e a porta fica fechada. E depois claro, a coitada fica do lado de fora a miar alguns minutos até perceber que o melhor é ir dormir para outro sitio qualquer.

Mas hoje foi diferente. A Jamu continuou a morder-me os pés logo pela manhã. Mas ao fim de dois avisos para parar, a gata parou. E assim para seu contentamento ficou estendida o resto da manhã a dormir em cima dos meus pés e a ronronar.

Será que ela finalmente percebeu? Acho que o melhor é esperar por amanhã para confirmar, antes de cantar vitória.